Chacina em festa infantil: audiência de instrução sem previsão de término

Teve início na 1ª Vara Criminal do Tribunal do Júri de Ribeirão das Neves, Grande BH, na manhã desta sexta-feira (25/10), a audiência de instrução dos oito acusados da chacina ocorrida durante uma festa infantil no Bairro Morro Alto. Não há horário previsto para término da sessão, mas, de acordo com o Tribunal de Justiça, a audiência não será concluída hoje. A data para seguimento ainda não foi estipulada.

 

Três pessoas foram mortas: Heitor Felipe Moreira de Oliveira, de 9 anos, Laiza Manuelly Pereira de Oliveira, de 11, e Felipe Júnior Moreira Lima, o “Meleze”, pai de Heitor, que seria o alvo dos criminosos. Seis pessoas ficaram feridas. 

 

 

São oito os indiciados: Yago Pereira de Souza Reis; Ivone Silva de Almeida; Marcelo Alves Rodrigues, conhecido por “Tio Gordo”; Agnes Danrlei Santos Nascimento, o “Biscoito”, e Fabiano Alves Campos, que estão presos; Leandro Roberto de Almeida, o “Berola; Flavio Celso da Silva, o “Alemão”; e Pedro Paulo Ferreira Lima, o “Paulinho Satã”, que estão foragidos.

 

No total, foram arroladas 40 testemunhas. No entanto, algumas delas não foram encontradas para receber a notificação, o que pode fazer com que o juiz determine a prorrogação da audiência para a próxima semana. Ele poderá, também, definir pela marcação do julgamento somente com as testemunhas que comparecerem, dependendo do que elas afirmarem em seus depoimentos.

 

Manifestação

“Mãe cria”; “Eterno Heitor”; “Mataram uma criança inocente cheia de sonhos”; “Justiça Heitor, Felipe e Laiza”; e “Quando uma mãe perde, todos perdem” foram algumas das frases estampadas nos cartazes,  carregados por familiares dos mortos em frente ao Fórum de Ribeirão das Neves, na manhã desta sexta-feira.

 

Uma das que empunhavam um cartaz era Vilma Piedade Arruda de Oliveira, de 77 anos, bisavó de Heitor e Laiza, que não se conforma com a morte do bisneto. “A dor pela perda do Heitor e da Laiza não passa, só aumenta.”

Samuel Wayne da Luz, de 15 anos, tio de Heitor e Laiza, diz que o futuro de Heitor era brilhante. “Ele jogava futebol. Sonhava ser jogador. E tinha condições, tanto que estava na escolinha do América e o Atlético queria levá-lo para lá.”

 

Evelin Eduarda Maia de Oliveira, de 27 anos, mãe de Heitor, estava inconformada. Ela chorava o tempo todo. Sempre que era perguntada sobre o crime, caía no choro. Quase não conseguia falar. Não terminava uma frase sequer, interrompida pelas lágrimas.

“O que espero, realmente, é que seja feita justiça, que os culpados sejam condenados e apodreçam na cadeira”, diz ela, segurando um lenço, que constantemente era levado aos olhos.

Evelin contou que a família contratou um advogado, Bruno Torres, que atuará como assistente de acusação.

 

Choque

Uma descoberta feita nas investigações, segundo Tamires Oliveira, irmã de Felipe, que foi morto, diz que de tudo o que aconteceu, um fato lhe causa uma revolta maior, a pessoa que ajudou os criminosos.

“Foi a Ivone. Ela era nossa amiga, desde menina. Era ela quem olhava os meninos. Cresceu com a gente. Era considerada da família. Mas foi ela quem abriu o portão para que os criminosos entrassem na casa. Isso é inadmissível. Não temos ideia o porque dela ter feito isso”, diz Tamires.

Segundo o advogado Bruno, Ivone teria recebido dinheiro para participar da trama, tendo dado informações sobre a festa e também tendo facilitado a entrada dos matadores.

 

Estratégia da defesa

O advogado dos acusados é Fabiano Lopes, que adota como estratégia negar a autoria. Segundo ele, existem depoimentos da mãe de Heitor, de uma tia, que desqualifica alguns dos réus. “Uma declaração da mãe isenta seus clientes de culpa”.

Segundo o advogado Fabiano, o celular de Ivone foi encontrado queimado e descartado, como prova, pela polícia. “Mas eu peguei esse celular e custeei uma perícia particular. Lá encontrei provas.”

Ele anuncia, também, que os irmãos Leandro e Flávio estão num lugar seguro, orientados por ele e que eles prestarão depoimento nesta audiência de acusação, via videoconferência.

 

“A partir da Covid, a lei faculta esse direito e que estamos usando”. afirma ele.

Ele diz, também, que outro acusado, Fabiano, que seria o motorista, não poderia estar na cena do crime, muito menos dirigindo o veículo que levou os criminosos e os tirou da cena.

“Fabiano tem apenas uma perna. Como ele estava dirigindo o carro? Não poderia. Ele estava em sua casa quando os crimes foram cometidos”, diz ele.

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