Governo de Goiás promete barrar chegada de novas famílias do MST em fazenda ocupada

Governo de Goiás promete barrar chegada de novas famílias do MST em fazenda ocupada


Cerca de 700 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra do Distrito Federal e Entorno (MST-DFE) seguem acampadas na Fazenda São Paulo, localizada em Água Fria de Goiás (GO). A área foi ocupada no dia 7 de abril e, segundo o MST, trata-se de um terreno público grilado, o que foi confirmado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

A fazenda tem como administrador Marcos Rogério Boschini, genro de Antério Mânica, um dos mandantes da Chacina de Unaí. Boschini aparece na nova “Lista Suja” do trabalho escravo divulgada pelo governo federal na última quarta-feira (9).

O acampamento, batizado de Valmir Mota Keno, deve receber mais famílias de municípios do nordeste goiano nos próximos dias. Além disso, o movimento prevê ações de solidariedade com a distribuição de alimentos agroecológicos nas cidades de São Gabriel, São João da Aliança e Água Fria de Goiás.

De acordo com o MST, Boschini teria assediado famílias assentadas vizinhas para aquisição ilegal de glebas, destruído o que havia nas terras e iniciado o plantio de soja com uso de agrotóxicos. O Incra informou que o caso está sob análise administrativa, com respeito ao contraditório e à ampla defesa.

A Polícia Militar esteve na ocupação no dia 7, mesmo sem mandado de reintegração de posse. Segundo o MST, houve impedimento na entrada de alimentos para as famílias e o policiamento seguiu durante a semana.

Em nota enviada ao jornal O Hoje, a Polícia Militar de Goiás informou que foi acionada no início de abril para averiguar uma possível invasão em propriedade rural no município. No local, estavam integrantes do MST e um suposto proprietário da fazenda. Após análise de documentos e do georreferenciamento, confirmou-se que o terreno está sob responsabilidade do Incra, não pertencendo ao indivíduo que se dizia dono.

Segundo a corporação, por tratar-se de área federal, a atuação da PM foi apenas preventiva, voltada à garantia da ordem pública, sem qualquer tentativa de reintegração ou desmobilização. A operação foi encerrada sem necessidade de intervenção. A Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás destacou ainda que as negociações estão sendo conduzidas exclusivamente pela União, por meio do Incra, sem participação do governo estadual.

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), declarou na segunda-feira (15) que pretende impedir novas ações do MST no estado:

“Minha tropa de choque está na região, já fizemos um bloqueio de um ônibus. Estamos com força de segurança e inteligência, vamos bloquear os ônibus que estão indo para a invasão. Se eles chegarem lá, vamos levar para a delegacia para fazer BO. Não vai ter invasão porque eu vou tirar todos.”

O MST criticou a postura do governo goiano, acusando a atuação da PM de servir aos interesses do agronegócio. Para o movimento, o Estado deveria proteger os trabalhadores e não ameaçá-los.

O MST-DFE afirmou que continuará organizando o acampamento para receber mais famílias. A expectativa é que mais de mil pessoas ocupem o local. Estão previstas novas ações de solidariedade em São Gabriel, São João da Aliança e Água Fria de Goiás, com distribuição de alimentos livres de agrotóxicos, além de reformas e pinturas em espaços públicos.

Também deve ser realizado, em data a ser definida, um ato político em apoio à reforma agrária, com a presença de parlamentares, movimentos populares e entidades do governo federal. Os familiares dos três fiscais do trabalho e do motorista assassinado na Chacina de Unaí, em 2004, também serão convidados.

“O MST defende a reforma agrária popular, a agroecologia, a cooperação, a produção de alimentos saudáveis, a educação do campo, a saúde do campo. Tudo isso são projetos que a gente pretende apresentar, defender e potencializar, e cobrar inclusive a prefeitura, os municípios, para que a gente de fato coloque o projeto para os trabalhadores em evidência na região a partir da nossa reforma agrária popular”, destacou uma liderança do movimento.

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